A importância da vacinação em cães

A vacinação para cães e gatos é um dos métodos mais importantes adotados na hora de proteger o seu melhor amigo contra diversas doenças perigosas independente da fase da vida e deve ser aplicada por um médico veterinário. Além disso, existem algumas delas que passam para as pessoas, conhecidas como zoonoses. 

As doenças mais graves dos cães podem ser adquiridas principalmente pelo ar, por mordida, por transitar em um ambiente contaminado ou entrar em contato com outro pet. Assim, não dá para saber como ou onde o eles podem se contaminar, portanto, a melhor forma de proteger os animais é por meio da vacinação anualmente.

Há diversas vacinas e protocolos diferentes para imunizar os pets. Manter as vacinas em dia é um ato de amor, afinal, ninguém quer ver seu animalzinho doente e correndo risco de vida! A vacina ensina o sistema imunológico a se defender de organismos que causam doenças específicas, criando a produção de anticorpos, que por sua vez, reconhecem o ataque desse mesmo microrganismo, protegendo o pet futuras invasões. É importante ressaltar que o paciente pode adquirir doenças em qualquer idade, mesmo que tenha sido vacinado corretamente quando filhote, mas se não houver reforços anualmente, o seu pet estará desprotegido. 

Doenças prevenidas por vacinas

Cinomose
A cinomose é a mais temida pelos médicos-veterinários e tutores, pois é uma doença silenciosa, agressiva e facilmente transmissível entre os cães. Inicia-se com alterações classificadas em estágios: respiratórias, digestivas e, então, neurológicas. Comumente apresentam secreções em excesso, diarreia, vômito, falta de apetite, prostração, dificuldade para respirar, tosse, febre, incoordenação motora e até convulsões. Na maior parte das vezes, o animal vem a óbito e, se sobreviver, pode ficar com sequelas irreversíveis (neurológicas e/ou motoras). A maior prevalência é em animais jovens e idosos. 

Parvovirose
A parvovirose é causada por um vírus que causa uma inflamação no aparelho digestivo, causando intensa diarreia líquida com sangue com um odor característico, êmese e emagrecimento r ápido. O animal se desidrata muito e precisa receber cuidados intensivos para se recuperar. Vale ressaltar que é uma enfermidade muito perigosa principalmente em filhotes, podendo levá-los a óbito. Tem alto poder de contágio, principalmente onde a circulação de animais é grande.  È um vírus altamente resistente. Em alguns casos raros, podem evoluir para problemas cardíacos.

Leptospirose
A leptospirose é uma doença que afeta os animais e também os seres humanos, considerada zoonose. Causada por uma bactéria presente no organismo de ratos (inofensivas a eles), provoca lesões principalmente no rim e no fígado, podendo ser fatal. O contágio se dá através do contato com o animal, com a urina contaminada ou com secreções de um pet infectado. Após o contágio, os sinais clínicos aparecem em até 7 dias. O principal sintoma apresentado é a icterícia, isto é, as mucosas e as peles ficam bem amareladas). Há casos em que o animal não apresenta sintoma nenhum e mesmo assim, continuará sendo um hospedeiro da doença e continuará a transmitir a bactéria a outros indivíduos. 

Coronavirose
A coronavirose também é causada por um vírus que atinge o sistema digestivo, levando a um quadro de diarreia (normalmente com sangue nas fezes) e vômito, porém um pouco menos agressivo. A outra forma menos comum da doença é o coronavírus respiratório canino, que acomete o sistema respiratório e causa gripe, conhecida como “tosse dos canis” ou traqueobrinquite infecciosa canina. O contágio se dá pela água ou alimento contaminado. 

Hepatite infecciosa canina
A hepatite infecciosa canina é uma doença de rápida evolução que atinge o fígado, mas pode atingir o sistema circulatório e neurológico. Alguns animais apresentam uveíte (uma infecção no olho) e/ou conjuntive. Ela é tão agressiva que o pet pode vir a óbito em apenas 24 horas. Filhotes não vacinados podem nem mesmo apresentar sintomas, tendo uma morte súbita. Cães infectados podem apresentar o vírus na urina por meses após a recuperação. 

Adenovirose respiratória
O vírus da adenovirose respiratória é altamente contagioso e, se não tratado, leva a pneumonia e ao óbito Existem dois tipos da doença O do tipo I é o principal causador da hepatite infecciosa canina. O adenovírus tipo II causa a “tosse dos canis”, popularmente chamada de gripe canina. Os sintomas mais leves são similares aos da gripe humana, incluindo tosse, espirros, febre e secreção nasal.

Tosse dos Canis
A traqueobronquite infecciosa canina (tosse dos canis ou gripe canina), é frequentemente causada pela bactéria Bordetella bronchiseptica e o vírus Parainfluenza, mas também pode haver envolvimento de outros vírus. Recebe esse nome por ser altamente contagiosa, em que quase todos os cães de um mesmo ambiente apresentam os sinais clínicos, principalmente tosse seca e alta que é confundida com engasgo.

Parainfluenza
O vírus da parainfluenza é do grupo da gripe humana e os sintomas também são parecidos. Assim como os outros vírus respiratórios, é transmitido subitamente em contato com animais doentes, por meio do ar, tosse, espirro ou objetos contaminados. Os sinais clínicos são a tosse seca e intermitente, tosse branda e seca, tosse úmida e intermitente, expectoração de muco branco espumoso, tosse produtiva e úmida, letargia, febre baixa, cansaço fácil, taquipnéia, falta de apetite e ruídos pulmonares.

Giardíase
A giardíase é uma doença causada por um protozoário Giardia lamblia que vive no intestino. Tanto os animais quanto os seres humanos podem não apresentar sintoma algum, mas transmitir a doença, ou terem quadros de diarreia fétida, vômito, desidratação severa, dores abdominais e perda de peso. É uma doença mais grave em filhotes. A transmissão da giárdia ocorre a partir da ingestão dos oocistos deo protozoário, que podem estar presentes na água ou em alimentos, bem como diretamente nas fezes de outros animais. Por esta razão, é que estes oocistos podem sobreviver por muitos meses no ambiente.

A vacina da giárdia, embora não seja essencial, deve ser realizada principalmente se convive com outros animais e que frequentam parques, creches e ruas. Caso o pet se infecte, os sintomas serão mais brandos e podem até se solucionar espontaneamente.

Raiva
A raiva é uma doença importante, além de um problema de saúde pública por poder ser transmitida aos seres humanos e fatal. Geralmente, é transmitida pela mordida de um animal infectado, afetando o sistema nervoso, provocando alterações de comportamento, que variam de excitação a depressão e até dificuldade para engolir.

A vacina antirrábica é a mais conhecida da população, pois o governo fornece o imunizante e faz campanhas anuais de combate a essa doença, devido a tamanha gravidade e risco de ser contraída pelas pessoas, caso sejam mordidas.

Leishmaniose
Protege os cães contra a leishmaniose visceral, que pode ser transmitida aos humanos, levando ambos a óbito em 90% dos casos. A leishmania está presente nas cinco regiões do país, principalmente em áreas endêmicas.  A doença é ytransmitida para os cães principalmente por meio da picada do flebótmo Lutzomyia logipalpis infectado, que é popularmente conhecido como mosquito-palha. A fabricação e a venda da vacina, no Brasil, estão suspensas pelo Ministério da Agricultura desde 2023, sem previsão de retorno até o momento. A recomendação é que os pets façam uso das pipetas e coleiras repelentes de mosquitos. 

Tipos de vacina canina
Como vimos, são muitas doenças possíveis de serem prevenidas pela vacinação. A boa notícia é que muitas delas estão contidas no mesmo frasco, são as chamadas vacinas polivalentes para cães.

A vacina V6 protege contra cinomose, parvovirose, hepatite, parainfluenza, coronavirose e adenovirose. A vacina V8, além de atuar contra todas as doenças protegida pela V6, também previne dois tipos de leptospirose, enquanto a V10 é similar à V8, mas conta com proteção de mais dois tipos de leptospirose (4 no total).

Já a vacina da giárdia, gripe e raiva são separadas das demais, cada um com sua aplicação individual. Um pouco menos comum, a vacina Puppy protege somente contra cinomose e parvovirose, e é uma vacina para cão filhote a partir de 30 dias, já protegendo esses pequenos desde cedo.

Quando vacinar meu pet?
A vacinação de filhotes pode ser feita a partir dos 30 dias (com a vacina Puppy), mas geralmente é aplicado a V6, V8 ou V10 a partir dos 45 – 60 dias de vida, seguido por reforços a cada 2 – 4 semanas até as 16 semanas de idade ou mais. O número de vacinações essenciais primárias do filhote será determinado pela idade do início da vacinação e o intervalo selecionado pelo médico veterinário entre as vacinações. Em alguns animais, poderá ser recomendado 3 a 4 doses no esquema inicial de vacinação. Reforços a cada 12 meses após a última dose da série primária em cães adultos. Protocolos individuais poderão ser estabelicidos individualmente para animais idosos de acordo com a recomendação do veterinário. 

A vacina de gripe canina e giárdia são aplicadas duas doses com intervalo de 21 a 30 dias e depois reforço anual. Somente a antirrábica é uma dose única, a partir dos quatro meses de vida, também com reforços anuais.

A importância da vacinação nos gatos

A imunização dos felinos deve ser individualizada, de acordo com a exposição e histórico do paciente. Portanto, o número de vacinações essenciais primárias do filhote será determinado pela idade na qual a vacinação é iniciada e no intervalo de revacinação escolhido. Alguns guidelines, sugerem a vacinação a cada 3 anos, porém no Brasil, os fabricantes recomendam em bula os reforços anuais, bem como a legislação brasileira obriga a vacinação antirrábica anualmente. 

Panleucopenia
A panleucopenia é uma doença viral que ataca o aparelho digestivo dos gatos e acomete principalmente os filhotes não vacinados. É conhecida como a “parvovirose dos gatos”. Sua transmissão se dá principalmente pelo contato direto com as fezes de animais doentes.Os principais sintomas são vômito, acompanhado ou não de diarreia, febre, apatia, falta de apetite e desidratação.

Rinotraqueíte
A rinotraqueíte é uma doença causada por um herpesvírus que acomete o trato respiratório superior dos gatos. É alta a transmissão entre animais que convivem no mesmo ambiente, principalmente em lugares com grandes aglomerações. Os principais sintomas são: tosse, espirro, secreção nasal e ocular, febre. Os gatos parecem gripados, com narinas entupidas, e podem ter dificuldades para respirar; além de infecções oculares.

Calicivirose
A calicivirose é extremamente contagiosa e provoca um quadro de doença respiratória nos gatos, sendo muitas vezes confundida com outras doenças. No geral, o animal é infectado ao entrar em contato com outro gato que esteja com o calicivírus. Ela costuma ocorrer por meio da inalação de aerossóis ou contato com a saliva do outro felino. Os principais sintomas são: tosse; espirro; corrimentos nasais; febre, úlceras (lesões) na boca, dificultando a ingestão de água e alimentos.

Clamidiose
A clamidiose é uma infecção bacteriana que afeta em particular os olhos dos gatos. Frequentemente, a clamidiose ocorre ao mesmo tempo com outras infecções respiratórias. Se os olhos não forem tratados adequadamente, pode haver comprometimento permanente da visão. Os principais sintomas são secreção ocular que lembra pus; olhos avermelhados ou fechados podem indicar a clamidiose. A clamidiose, cujo agente causador é a bactéria Chlamydophila felis, pode acometer os sistemas respiratório (rinite, bronquite, bronquiolite), oftálmico (conjuntivite), gastrointestinal e reprodutivo do felino.

Leucemia Viral Felina (FeLV)
Na maioria das vezes, é uma doença silenciosa. A leucemia viral felina é uma doença incurável, causada por um vírus que afeta o sistema imune dos gatos, facilitando o aparecimento de infecções por bactérias e até mesmo de alguns tipos de tumor. OS gatos doentes apresentam principalmente anemias muito graves, pois afeta a medula óssea. Gatos de qualquer idade podem ficar doentes, mas em geral os filhotes com menos de 1 ano de idade são os mais acometidos. A transmissão acontece principalmente quando um animal infectado lambe outros gatos, já que o vírus é excretado em abundância na saliva, transmissão através do leite, mordedura, caixas sanitárias e potes de ração e água. Não existe tratamento específico. A vacinação deverá ser feita após o exame complentar de sangue (sorologia ou teste rápido).

Vírus da imunodeficiência felina
A maioria dos estudos de prevalência de infecção por FeLV e FIV são provenientes do Brasil. A imunodeficiência felina, também denominada de FIV, é causada por um vírus da família Retroviridae, sendo morfologicamente semelhante e antigenicamente distinto do vírus da imunodeficiência humana (HIV). É uma doença infecciosa que não acomete pessoas, mas gatos machos na grande maioria e mais velhos que têm acesso à rua, sendo que essa categoria é a que mais apresenta sintomatologia clínica. A infecção inicial geralmente é caracterizada por febre, diminuição dos neutrófilos sanguíneos e aumento dos linfonodos de forma generalizada. Depois dessa fase, o animal pode apresentar infecção subclínica, que tem tempo variável. Porém, após alguns meses, ocorre uma queda importante da imunidade do gato, semelhante ao que ocorre na síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) em seres humanos. As síndromes clínicas que podem ocorrer associadas à infecção pelo vírus da FIV são as gastrointestinais, glomerulonefrite, hematológicas, neoplásica, neurológica, ocular e insuficiência renal e estão relacionadas à diversos agentes, tais como bactérias, vírus e protozoários. Alguns gatos podem passar a vida sem nenhum tipo de manifestação clínica.

Raiva
A vacinação antirrábica para filhotes de gatos é tão importante quanto para os filhotes de cães, especialmente pelo fato de que animais dessa espécie apresentam instinto caçador e, em muitos casos, não vivem exclusivamente restritos a um ambiente domiciliar. Para os gatos, essa vacina também é indicada a partir de 12 semanas de idade, em dose única. No Brasil, a vacinação anual contra raiva é obrigatória para todos os gatos, assim como os cães.

Escrita por Dra. Natália Seoane – Coordenadora Veterinária do Grupo Vet Popular

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